domingo, 14 de agosto de 2011

AS TRADICIONAIS CABINES TELEFÔNICAS

Ameaçadas pelo uso generalizado do telefone celular, as famosas cabines telefônicas vermelhas do Reino Unido correm risco de desaparecer, embora um curioso plano para "adotar" os recintos possa ser sua salvação.

Com mais de 80 anos de história, os quiosques se transformaram em um ícone da cultura britânica tão famoso quanto os ônibus de dois andares ou os táxis pretos londrinos.

Em Londres, raro é o dia em que não se vê um grupo de turistas posando em uma dessas cabines, seja abrindo a porta, seja simulando uma ligação, para imortalizar a visita à capital do Reino Unido em uma foto.

No entanto, o telefone celular condenou as cabines ao desuso e à falta de rentabilidade, algo inaceitável para a British Telecom (BT, companhia telefônica privatizada em 1984), que não consegue cobrir com os ganhos provenientes destes ícones nem as despesas de limpeza nem os consertos por vandalismo.

As cabines servem hoje apenas para fazer uma ligação caso o usuário tenha o azar de ver seu celular ficar sem bateria, ou como abrigo perante uma chuva imprevista, algo muito comum na Inglaterra.

No centro de Londres, muitas cabines funcionam como improvisadas vitrines de "provocativos" cartões com imagens de mulheres em trajes sumários que oferecem seus serviços sexuais.

Não surpreende, pois, que a BT tenha desabilitado, desde 2002, aproximadamente 31 mil cabines no Reino Unido, onde só restam 62 mil, das quais 12 mil são as clássicas de cor vermelha (ou preta, em alguns lugares).

Dessas 12 mil remanescentes, em torno de 4.500 estão ameaçadas de fechamento, como lembrou esta semana a BT, que já advertiu, em junho, da eliminação de 14 mil cabines nos próximos meses.

No entanto, a gigante das telecomunicações suavizou sua postura, pressionada pelas prefeituras e pelas legiões de nostálgicos que desejam preservar as "red phone boxes", como é conhecido, em inglês, o ícone nacional.

"Durante um processo de consultas sobre a retirada de cabines não rentáveis, a população e os governos locais fizeram várias sugestões", disse, há poucos dias, a companhia.

"Escutamos essas sugestões e agora podemos confirmar que as autoridades locais que quiserem manter as cabines de telefone vermelhas por razões estéticas ou de patrimônio cultural poderão fazê-lo", acrescentou a empresa.

Para tal fim, a BT criou o programa "Adote uma cabine", que permitirá às prefeituras conservar esses espaços equipados com telefone operacional pagando uma tarifa anual de 500 libras (cerca de R$ 1.482) por cada uma, a metade do custo que supõe para a empresa.

Caso essas autoridades queiram manter a cabine vermelha, mas sem telefone, em funcionamento, deverão apenas abonar uma taxa simbólica de uma libra (R$ 2,96) por "motivos legais".

Os interessados têm como prazo para fazer as solicitações pertinentes até 1º de outubro, e a BT se comprometeu a não retirar nenhuma cabine antes dessa data.

A típica cabine vermelha foi projetada em 1924 por Giles Gilbert Scott (1880-1960), arquiteto da imponente central elétrica onde está o londrino museu Tate Modern às margens do rio Tâmisa.

A cabine de Scott, de cor vermelha para facilitar sua localização, era uma singela casinha dotada de um avançado sistema de ventilação, com três paredes formadas por painéis de vidro e uma coroa real situada sobre a palavra "Telephone" na parte superior.

O modelo perdurou até os anos 1980, quando foi substituído pelas comuns cabines de vidro ou plástico transparente que dominam hoje a paisagem urbana das cidades do Reino Unido.

As cabines vermelhas cativam, como se sabe, os turistas, mas também seduziram muitos famosos, como o músico David Bowie, que foi fotografado no interior de uma delas para ilustrar seu lendário disco "Ziggy Stardust" (1972).

O cantor Tom Jones foi ainda mais longe, pois comprou a de sua rua e a levou de navio para sua mansão em Los Angeles (EUA).


Fonte: UOL
Foto: andanhos.blogspot.com

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